segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Polêmica do Sequestro de Carbono


O sequestro de CO2 (gases de efeito estufa) tem sido proposto como solução para a nossa sociedade de consumo baseada no modelo industrial. O processo consiste em remover os gases nocivos das instalações industriais e fazer o seu armazenamento no sub-solo. Apesar de viável, a técnica não oferece ainda um modelo seguro.

A Revista Nature/n.458 do dia 02/04 publicou um estudo com resultados importantes para avaliar a segurança e a eficácia da captura de carbono. O objetivo do estudo foi identificar e quantificar o mecanismo que ocorre naturalmente na remoção do CO2 em nove campos de gás natural na América do Norte, na China e na Europa.
Os resultados mostraram que em sete dos nove campos analisados, o CO2 é armazenado dissolvendo-se na água e não como minerais. O estudo sugere que para o armazenar CO2 deve ser levada em conta a mobilidade potencial do CO2 e seu conteúdo nocivo, dissolvido na água. O estudo contribui ainda mais para a polêmica que envolve o assunto, discutida no artigo a “A Ilusão do Carvão Limpo”, The Ilusion of Clean Coal, da revista Economist (7/03/2009).

O carvão ainda representa uma fonte de energia essencial nas maiores economias do mundo como Estados Unidos e Alemanha e ainda mais na China e na Índia. Para solucionar a questão, a proposta seria o seqüestro e a estocagem do carbono de forma segura em áreas subterrâneas. Acontece que a teoria na prática é outra e as grandes empresas se recusam a fazer investimentos maiores em instalações com captura de carbono devido ao custo da construção e à manutenção.

O artigo “A Ilusão do Carvão Limpo”, The Ilusion of Clean Coal, da revista Economist (7/03) provocou as mais diversas reações por parte dos especialistas no assunto e empresários da área. Segundo o artigo, muitos ambientalistas e especialistas em energia alegam que a idéia é inexeqüível. Enquanto os governos ocidentais queimam dinheiro subsidiando a tecnologia “CCS”, - Carbon Capture and Storage - Captura e Armazenamento de Carbono, o setor privado reluta em fazer uso dela, tanto pelos altos custos iniciais das instalações, quanto pelo custo de cada tonelada retirada da atmosfera.

Na última edição da Economist (2/4), foram publicadas as cartas sobre o assunto.
O diretor executivo do Instituto Mundial de Carvão, Milton Catelin discorda da afirmação de que “o mundo está investindo muito dinheiro e esperança” na tecnologia da captura e estocagem de carbono. O diretor lembra que o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas da ONU defende que o "CCS" pode contribuir em 55% para a redução total das emissões até 2100. Segundo a Agência Internacional de Energia, não seria possível estabilizar as emissões sem a captura do carbono e os custos para estabilização aumentariam em 70% sem esta alternativa.

Philippe Paelink, diretor de CO2 da Alstom defende que o “CCS” pode ser totalmente competitivo com outras tecnologias de baixo carbono e comparável com a maioria das alternativas renováveis, incluindo a energia dos ventos, considerando-se o custo do dióxido de carbono poupado. Para Paelink, até o dia em que o mundo possa suprir sua necessidade colossal de energia com 100% de energia renovável, nós temos que “descarbonizar”a produção existente de combustíveis fósseis.

Um grupo especialistas de diversas áreas relacionadas com a captura de carbono defendeu numa carta em conjunto os investimentos em “CCS” criticados no artigo. O grupo acredita que políticas efetivas podem viabilizar os investimentos e sua implementação traria redução significativa de custos. Defendeu também que de acordo com Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, a retenção seria de 99% em 1.000 anos.
Estas são apenas algumas das respostas provocadas pela polêmica questão que pode se tornar ainda mais discutida, com o recente estudo da publicado pela Nature.

Veja animação do processo:
http://199.6.131.12/pt/scictr/watch/climate_change/anim/capnstorage1/index.htm

Fonte: Economist, Nature.
Imagem: Seed - Schlumberger Excellence in Educational Development

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