terça-feira, 20 de janeiro de 2015

DEPENDE DE NÓS : EMPRESAS DE PETRÓLEO NÃO TEM CONDIÇÕES DE SE ADAPTAR ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

 Jonathon Porritt, um dos mais considerados ambientalistas,  disse em entrevista ao jornal The Guardian que tentar engajar as maiores empresas de petróleo no problema das mudanças climáticas se tornou futilidade ou como dizemos  por aqui, perda de tempo.

O fundador e diretor da consultoria sem fins lucrativos Forum for the Future (FFF) declara: “Chegamos à conclusão de que era impossível para as atuais companhias de petróleo e gás se adaptar de um modo inteligente e a tempo para a necessidade imperativa de uma descarbonização radical. Sentimos que não tínhamos opção senão terminar as parcerias no longo prazo com a Shell e a BP”.

Depois de anos trabalhando nos projetos de sustentabilidade com a British Petroleum e a Shell, Porritt diz  que “a supremacia dos hidrocarbonetos” nas companhias conseguiu  expulsar os reformadores que queriam diversificar para a energia “verde”.

Porritt afirma:  “ Estas são empresas  (Shell, BP) cujos gerentes seniors sabem como fato irrefutável que seu modelo de negócios atual ameaça tanto a estabilidade da economia global como as perspectivas no longo prazo da humanidade como um todo.  Ficou cada vez mais difícil para mim encará-los sabendo que eles sabiam e testemunhando em primeira mão os intrincados padrões de negação e auto-engano que eram forçados a se adaptar”.

As companhias de petróleo, gás e carvão estão sendo alvo de uma campanha crescente que visa estigmatizá-las persuadindo seus investidores a se desfazer das ações de combustíveis fósseis. Ao lado disso, uma série de análises revelam que apenas ¼ das atuais reservas de combustíveis fósseis podem ser queimadas, respeitando o limite de não exceder o limite perigoso de 2O C.

Para piorar a situação, mais de 670 bilhões de dólares foram gastos na exploração de novas reservas. A Shell está gastando milhões na exploração do Ártico e nos projetos canadenses de tar sand, ambos reconhecidos como incompatíveis com a prevenção das perigosas mudanças climáticas, de acordo com uma análise recente da conceituada Nature. 

Então depende de nós! A melhor maneira de pressionar as companhias para a mudança é não consumir o seu produto, se há alternativa. No Brasil, temos etanol. Participar das campanhas contra os combustíveis fósseis é outra maneira de ser parte da solução e não do problema.

Companhias mais éticas ou mais inteligentes já desistiram da exploração do petróleo no Ártico, como divulga o Greenpeace. Chevron (EUA), Statoil (Noruega), GDF Suez (França) e DONG (Dinamarca) deixaram em paz a casa dos ursos polares. 
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 Fonte: Damian Carrington


The Guardian, 15/1. 

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