sexta-feira, 29 de março de 2013

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PRECISA SER COERENTE


No recente Relatório de Desenvolvimento Humano, a ONU faz uma dura advertência:   
" a falta de ação ambiental, especialmente quanto à mudança do clima, tem o potencial de parar ou mesmo inverter o progresso do desenvolvimento humano.” A ONU tem um grupo de trabalho que busca um conjunto de “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”.

Mas o que é o desenvolvimento sustentável? A definição atual é: “desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a habilidade das gerações futuras atenderem às suas necessidades”.

Um grupo internacional de dez cientistas e analistas de desenvolvimento publicou na revista Nature do dia  20/3 um documento que propõe uma nova definição: “desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente, enquanto salvaguarda o sistema de suporte de vida na Terra, do qual depende o bem estar das atuais e futuras gerações.”

A degradação da natureza  está minando os esforços para reduzir a pobreza, alertam os cientistas que dizem que  a única chance de alcançar a prosperidade global é se todos os países combinarem as metas de combate à  pobreza com as metas ambientais.

O atual modelo de desenvolvimento sustentável  da ONU de três pilares integrados - econômica, social e ambiental  é falho, pois não reflete a realidade. Os pesquisadores argumentam que estes três conceitos não podem funcionar em esferas independentes e separadas e sim contidos um dentro do outro.

Se a economia de um país está crescendo, mas o desmatamento também, não existe desenvolvimento sustentável. Se um país investe muito dinheiro em políticas sociais e controi hospitais, mas não investe em saneamento e a população está sujeita às doenças, não há desenvolvimento sustentável.  Se um páis cria leis ambientais para proteger os ecossistemas marinhos, mas permite a exploração de petróleo nas zonas costeiras, não há desenvolvimento sustentável.

Dr. Priya Shyamsundar da Rede Sul da Ásia para o Desenvolvimento e Economia Ambiental, no Nepal  e co-autor do documento explica:

 “À medida que a população global  caminha para nove bilhões de pessoas, o  desenvolvimento sustentável deve ser visto como uma economia à serviço da sociedade dentro do suporte do sistema de  vida na Terra e não como três pilares.”

Andrew C. Revkin que participou do grupo internacional, assinala no seu blog Dot.Earth/ New York Times,  os seis objetivos universais identificados pelo grupo dos cientistas:

1.     Vidas prósperas e meios de subsistência
2.     Segurança alimentar
3.     Segurança da água
4.     Energia limpa
5.     Ecossistemas saudáveis e produtivos
6.     Governança para sociedades sustentáveis.

Para alcançar os objetivos há os requisitos obrigatórios:

1.Estabilidade do clima
2.Redução da perda de biodiversidade
3.Proteção dos serviços dos ecossistemas
4.Ciclo saudável da água e do oceano
5. Uso sustentável do nitrogênio e fósforo
6. Ar limpo
7. Uso sustentável dos materiais.  

Para o Prof. David Griggs da Monash University da Austrália, os seres humanos estão alterando o sistema de suporte de vida da Terra - a atmosfera, os oceanos, as vias fluviais, as florestas, as geleiras e a biodiversidade, que nos permitem crescer e prosperar.

A prioridade agora é manter os ecossistemas da Terra e ao mesmo tempo prover alimento e uma qualidade decente de vida para 7 bilhões de pessoas, caminhando para 9 bilhões.

Co-autor Professor Johan Rockström, diretor do Stockholm Resilience Centre, disse:
 "A pesquisa mostra que estamos agora no ponto em que o funcionamento estável dos sistemas da Terra é um pré-requisito para uma sociedade próspera global e desenvolvimento futuro."

Stafford Smith declarou que "em última análise, a escolha de objetivos é uma decisão política,  mas a ciência pode informar qual a combinação de objetivos pode alcançar um futuro sustentável. E a ciência pode identificar metas mensuráveis ​​e indicadores", disse Stafford Smith.

O PlanetAtivo tem defendido a abordagem dos problemas ambientais com coerência. Companhias como a Shell e Petrobrás que financiam políticas  ditas de “desenvolvimento sustentável”, mas que continuam a fazer investimentos  para extrair mais petróleo estão como se diz na linguagem popular, tapando o sol com a peneira.

Petróleo emite gases nocivos à saúde e ao ambiente. Contamina ecossistemas marinhos e terrestres. Petróleo polui. 

 Fonte: IRIN, New York Times, Science Daily, The Guardian. 

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