Jonathon Porritt, um dos mais considerados
ambientalistas, disse em entrevista ao jornal The Guardian que tentar engajar as
maiores empresas de petróleo no problema das mudanças climáticas se tornou
futilidade ou como dizemos por aqui,
perda de tempo.
O fundador e diretor da consultoria sem fins lucrativos
Forum for the Future (FFF) declara: “Chegamos à conclusão de que era impossível
para as atuais companhias de petróleo e gás se adaptar de um modo inteligente e
a tempo para a necessidade imperativa de uma descarbonização radical. Sentimos
que não tínhamos opção senão terminar as parcerias no longo prazo com a Shell e
a BP”.
Depois de anos trabalhando nos projetos de sustentabilidade
com a British Petroleum e a Shell, Porritt diz
que “a supremacia dos hidrocarbonetos” nas companhias conseguiu expulsar os reformadores que queriam
diversificar para a energia “verde”.
Porritt afirma: “ Estas
são empresas (Shell, BP) cujos gerentes
seniors sabem como fato irrefutável que seu modelo de negócios atual ameaça
tanto a estabilidade da economia global como as perspectivas no longo prazo da
humanidade como um todo. Ficou cada vez
mais difícil para mim encará-los sabendo que eles sabiam e testemunhando em
primeira mão os intrincados padrões de negação e auto-engano que eram forçados
a se adaptar”.
As companhias de petróleo, gás e carvão
estão sendo alvo de uma campanha crescente que visa estigmatizá-las persuadindo
seus investidores a se desfazer das ações de combustíveis fósseis. Ao lado
disso, uma série de análises revelam que apenas ¼ das atuais reservas de
combustíveis fósseis podem ser queimadas, respeitando o limite de não exceder o
limite perigoso de 2O C.
Para piorar a situação, mais de 670 bilhões de dólares foram gastos na
exploração de novas reservas. A Shell está gastando milhões na exploração do
Ártico e nos projetos canadenses de tar sand, ambos reconhecidos como
incompatíveis com a prevenção das perigosas mudanças climáticas, de acordo com
uma análise recente da conceituada Nature.
Então depende de nós! A melhor maneira de pressionar as companhias para a mudança é não consumir o seu produto, se há alternativa. No Brasil, temos etanol. Participar das campanhas contra os combustíveis fósseis é outra maneira de ser parte da solução e não do problema.
Companhias mais éticas ou mais inteligentes
já desistiram da exploração do petróleo no Ártico, como divulga o Greenpeace.
Chevron (EUA), Statoil (Noruega), GDF Suez (França) e DONG (Dinamarca) deixaram
em paz a casa dos ursos polares.
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Fonte: Damian Carrington
The Guardian, 15/1.
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