segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Tá com calor? Se liga no clima: aquecimento global não diminuiu, só mudou de lugar.


 O  jornal The Guardian faz  uma revisão dos eventos climáticos de 2013.

Começando com a boa notícia , o mito da 'pausa' do  aquecimento global   foi totalmente desacreditado em 2013. Um artigo publicado por Kevin Cowtan e Robert Way mostrou que  as temperaturas da superfície global têm realmente aumentado cerca de duas vezes e meia mais rápido ao longo dos últimos 15 anos do que o estimado anteriormente . Na verdade a ‘pausa’ foi resultado da falta de cobertura da temperatura no Ártico, onde o aquecimento global está acontecendo mais rápido.

Cientistas do  Skeptical Science, Ciência Cética,  lançaram um novo widget (gráfico interativo) do aquecimento global, mostrando que quando levado em conta o clima global, o planeta tem acumulado mais de 4 detonações de bombas atômicas iguais a Hiroshima em valor de energia por segundo, e mais de 2 bilhões de detonações no valor de calor desde 1998.

Vários outros trabalhos em 2013 ano ajudaram a entender  a ligeira desaceleração no aquecimento das temperaturas da superfície global. Cientistas como Kosaka e Xie (2013 ), Watanabe et al. (2013) e Balmaseda et al. (2013) explicaram que as mudanças estariam relacionadas com os oceanos.

Os oceanos têm absorvido  mais calor ao longo da última década, especialmente os oceanos profundos, como o Oceano Pacífico. O aquecimento da superfície está mais lento porque o calor vai para os oceanos.

Um trabalho publicado pela Skeptical Science mostrou que há um consenso de 97% na literatura da ciência do clima de que os seres humanos estão causando o aquecimento global. Este documento tem sido citado em muitos jornais e teve muita repercussão na mídia, inclusive com dois tweets presidenciais! Foi o 11o trabalho acadêmico mais falado em 2013.

A história de que o aquecimento global seria uma “recuperação natural” da Pequena Idade de Gelo também foi desmascarada. Entre outros trabalhos, vale citar o de Marcott et al. (2013) que também mostrou que o que testemunhamos nos últimos 100 anos é totalmente diferente do que aconteceu  nos últimos 11.000 anos.

Levando em consideração os resultados dos trabalhos, o aquecimento que ainda está por vir num cenário de business as usual (negócios como se costuma fazer) parece francamente assustador.
E ainda temos que nos preocupar com as nuvens. Um estudo realizado por Sherwood et al. descobriu que as nuvens vão agir para amplificar o aquecimento global, com a probabilidade de aquecer o planeta em 3o   C e até 4o C em 2100, se continuarmos com o atual modelo econômico.

E o que os governos estão fazendo? 
Na Austrália foi eleito um governo de maioria que se comprometeu a eliminar o imposto de carbono. No Canadá, o governo calou a boca dos seus cientistas do clima e fez todo o possível para aumentar as suas emissões através do negócio das areias betuminosas. (um horror). Por outro lado, no nível local a renda da British Columbia com o imposto  carbono-neutro continua a ser um sucesso. Nos Estados Unidos, a California implementou um sistema semelhante de imposto e o governo americano emitiu regulamentos para as emissões de gases de efeito estufa para as novas usinas de energia e está trabalhando para regular as já existentes. Também há sinais de que a China está começando a lidar com o rápido crescimento das suas emissões.

No geral, 2013 foi ano produtivo em termos desacreditar o mito da 'pausa' do aquecimento global. Alguns passos para frente, mas outros para atrás. A mídia conservadora também andou deste jeito, com relatos imprecisos e falsas avaliações. O New York Times eliminou o seu escritório  de meio ambiente, mas o The Guardian ocupou o espaço com os seus novos Blogs de Meio Ambiente.

Muitas pesquisas novas e interessantes foram publicadas durante o ano, incluindo uma novo resumo do relatório do IPCC. Contudo o progresso em resolver o problema do clima foi muito lento. Resta a 2014 ser um ano mais produtivo para as soluções do clima.


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