Começando com a boa notícia , o mito da 'pausa' do aquecimento global foi totalmente desacreditado em 2013. Um
artigo publicado por Kevin Cowtan e Robert Way mostrou que as temperaturas da superfície global têm realmente aumentado cerca de duas vezes e
meia mais rápido ao longo dos últimos 15 anos do que o estimado anteriormente
. Na verdade a ‘pausa’ foi resultado da falta de cobertura da temperatura no
Ártico, onde o aquecimento global está acontecendo mais rápido.
Cientistas do Skeptical Science, Ciência Cética, lançaram
um novo widget (gráfico interativo) do
aquecimento global, mostrando que quando levado em conta o clima global,
o planeta tem acumulado mais de 4 detonações de bombas atômicas iguais a Hiroshima em valor
de energia por segundo, e mais de 2 bilhões de detonações no valor de calor
desde 1998.
Vários outros trabalhos em 2013 ano ajudaram a entender a ligeira desaceleração no aquecimento das
temperaturas da superfície global. Cientistas como Kosaka e Xie (2013 ),
Watanabe et al. (2013) e Balmaseda et al. (2013) explicaram que as mudanças
estariam relacionadas com os oceanos.
Os oceanos têm absorvido
mais calor ao longo da última década, especialmente os oceanos
profundos, como o Oceano Pacífico. O aquecimento da superfície está mais lento
porque o calor vai para os oceanos.
Um trabalho publicado pela Skeptical Science mostrou que há um consenso de 97% na literatura
da ciência do clima de que os seres humanos estão causando o aquecimento
global. Este documento tem sido citado em muitos jornais e teve muita
repercussão na mídia, inclusive com dois tweets presidenciais! Foi o 11o
trabalho acadêmico mais falado em 2013.
A história de que o aquecimento global seria uma
“recuperação natural” da Pequena Idade de Gelo também foi desmascarada. Entre
outros trabalhos, vale citar o de Marcott et al. (2013) que também mostrou que
o que testemunhamos nos últimos 100 anos é totalmente diferente do que
aconteceu nos últimos 11.000 anos.
Levando em consideração os resultados dos trabalhos, o
aquecimento que ainda está por vir num cenário de business as usual (negócios como se costuma fazer) parece
francamente assustador.
E ainda temos que nos preocupar com as nuvens. Um estudo
realizado por Sherwood et al. descobriu que as nuvens vão agir para amplificar o
aquecimento global, com a probabilidade de aquecer o planeta em 3o C e até 4o C em 2100, se
continuarmos com o atual modelo econômico.
E o que os governos estão fazendo?
Na Austrália foi eleito
um governo de maioria que se comprometeu a eliminar o imposto de carbono. No
Canadá, o governo calou a boca dos seus cientistas do clima e fez todo o possível
para aumentar as suas emissões através do negócio das areias betuminosas. (um
horror). Por outro lado, no nível local a renda da British Columbia com o
imposto carbono-neutro continua a ser um
sucesso. Nos Estados Unidos, a California implementou um sistema semelhante de imposto e o
governo americano emitiu regulamentos para as emissões de gases de efeito
estufa para as novas usinas de energia e está trabalhando para regular as já
existentes. Também há sinais de que a China está começando a lidar com o rápido
crescimento das suas emissões.
No geral, 2013 foi ano produtivo em termos desacreditar o
mito da 'pausa' do aquecimento global. Alguns passos para frente, mas outros
para atrás. A mídia conservadora também andou deste jeito, com relatos imprecisos
e falsas avaliações. O New York Times eliminou o seu escritório de meio ambiente,
mas o The Guardian ocupou o espaço com os seus novos Blogs de Meio Ambiente.
Muitas pesquisas novas e interessantes foram publicadas
durante o ano, incluindo uma novo resumo do relatório do IPCC. Contudo o
progresso em resolver o problema do clima foi muito lento. Resta a 2014 ser um
ano mais produtivo para as soluções do clima.
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