quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dividindo a Conta em Copenhagen

Segundo o artigo da Economist de hoje Stopping Climate Change, resolver o problema das mudanças climáticas custa menos (1% do produção global) do que o que foi gasto para salvar os bancos da crise financeira (5% da produção global). Também não faltam tecnologias alternativas para produzir energia limpa: hidrelétrica, biomassa, ventos, energia solar e biocombustíveis. Este blog já publicou que as algas podem ser o combustível do futuro. Então qual é o problema? Dividir a conta.

De acordo com a Economist “a humanidade terá que fazer um acordo sobre como dividir os custos, tanto entre os países, como dentro deles”. Isto requer dois desafios:
1- conseguir um acordo internacional, o que está se tentando em Copenhagen
2- implementar o acordo no nível nacional com políticas mais eficientes e colocar um preço no carbono. Senão o custo vai ficar mais caro do que 1% do produto global.

A reunião por si só já representa o reconhecimento de que não dá para arriscar as previsões sobre o aumento de temperatura feitas pelo IPCC - Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas. O aumento previsto até o final do século é entre 1.1 e 6.4ºC. Com 1.1º, já estamos sentindo os eventos extremos. Se o aumento chegar a 6.4º, “as hipóteses sobre como o mundo vai estar parecem mais ficção científica”.

Copenhagen é para cortar as emissões e saber quanto vai custar. Segundo o IPCC, os países desenvolvidos têm que diminuir suas emissões em 25-40% abaixo dos níveis de 1990 até 2020, com limite do aumento da temperatura em 2%! O Brasil e os outros países em desenvolvimento têm que estabelecer “ações” para limitar as emissões.
A China, o maior emissor de carbono atualmente, disse que vai cortar a intensidade de carbono da sua economia (ou diminuir o seu crescimento) em 40-45% até 2020.
Os EUA só ofereceram um corte de 4% e não estão satisfeitos com a oferta da China porque é onde o país iria chegar com as políticas atuais, sem custos extras. Os países em desenvolvimento reclamam da oferta americana, mas Obama depende do Senado americano para oferecer mais. Melhor do que nada.

Está na hora do dinheiro mudar de mão, “tanto por razões morais (países ricos são os maiores responsáveis pelo problema até agora, mas os mais pobres vão sofrer mais,)quanto por razões práticas (alguns países pobres não tem acesso ao capital necessário para a mitigação)”. Mas os países pobres não deveriam esperar transferências enormes entre os governos. Os mercados de capitais alocam melhor os recursos do que os governos. Os países ricos deveriam investir na energia limpa dos países pobres e o dinheiro público deveria ser usado para disponibilizar somas consideráveis de capital privado. Receita para ninguém botar defeito, se implementada corretamente.

Um acordo internacional em Copenhagen seria apenas o primeiro passo para o corte das emissões. O segundo e mais difícil seria implementar políticas domésticas que encorajam os negócios a investir em produtos limpos e seus processos, e desencorajá-los de investir em produtos carbono-intensivos e seus processo, como o petróleo.

Investir em petróleo não vai compensar se o carbono tiver um preço. E pagar para poluir e aquecer o planeta não faz o menor sentido.E como fica o pré-sal?

Fonte: Economist, 3/12.

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