quinta-feira, 16 de junho de 2011

O que estávamos pensando? Thomas Friedman

Thomas Friedman, no artigo do New York Times The Earth is Full (07/06), imagina que esta é a pergunta que faremos daqui a alguns anos sobre a nossa dificuldade de enxergar a crise que se anuncia. O preço dos alimentos e da energia não param de subir, a população mundial está crescendo, os eventos climáticos extremos como inundações e secas alcançam novos recordes e deslocam populações. Tudo isso fragiliza os governos que têm que lidar com todos estes problemas ao mesmo tempo.

Por que não percebemos o que está acontecendo?

Segundo o artigo, talvez a resposta esteja no livro de Paul Gilding, empresário ambientalista que descreveu este momento no livro chamado The Great Disruption: Why the Climate Crisis Will Bring On the End of Shopping and the Birth of a New World , “A Grande Ruptura: Por que a Crise Climática trará o Fim das Compras e o Nascimento de um Novo Mundo” . Para ele, o problema é tão grande e requer que mudemos tudo sobre a nossa maneira de pensar e de ver o mundo e a negação é nada mais do que a resposta natural.

Quanto mais negamos a situação, mas nos distanciamos da solução.

Consumir, é preciso, mas preservar também é preciso. Para continuar consumindo é necessário garantir os recursos da natureza que vamos precisar para produzir o objeto de consumo. No atual ritmo de crescimento econômico, não há como garantir os recursos para o futuro porque estamos consumindo mais do que o planeta é capaz de repor. Estamos esgotando a biocapacidade da Terra.


“Se você derruba mais árvores do que planta, você fica sem árvores”, escreve Gilding.

E não temos feito outra coisa. Estamos tirando mais da natureza mais do que ela é capaz de nos dar. Pela ignorância, pelo comodismo, pelo egocentrismo, pelo falso otimismo, estamos agravando a crise. Como é difícil comprar apenas o que precisamos! Por que usar gasolina se temos etanol? Não dá para recusar a sacolinha plástica e levar na bolsa ou na mão até o carro que está ali ao lado?
Reciclar o lixo deveria ser obrigação e plantar árvores tão importante quanto se exercitar, meditar ou rezar.

O ministro do meio ambiente da China Zhou Shegxian disse recentemente que “O esgotamento, a deterioração e a exaustão dos recursos e a piora do ambiente ecológico se tornaram gargalos e graves entraves ao desenvolvimento econômico e social da nação”.

O que acontece é que estamos enchendo a Terra com o lixo do consumo excessivo e neste momento atingimos um limite, dado o atual nível tecnológico. “A economia terá que ficar menor em termos de impacto físico. Não vamos mudar os sistemas, entretanto, sem uma crise. Mas não se preocupe, que estamos chegando lá”, afirma Gilding.

Para Gilding, quando o impacto do Grande Rompimento acontecer, “nossa resposta será proporcionalmente dramática, mobilizando-os como acontece na guerra. Nós mudaremos numa escala e velocidade que dificilmente imaginamos hoje, transformando completamente a nossa economia, incluindo a energia e indústria de transportes, em apenas algumas décadas.”

De acordo com Friedman, Gilding é um eco-otimista. Talvez, mas também acho que somos capazes de responder à necessidade de mudança diante da crise. É bem possível que não esteja longe o momento postar no blog “Bem vinda a Crise, bem vinda a Nova Era”!

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