terça-feira, 13 de dezembro de 2011

COP 17 - As frases de Durban


A reunião da COP17, décima sete Conferência das Partes das Nações Unidas em Durban terminou com um acordo para trabalhar para um tratado global. 193 países chegando a um acordo é um resultado positivo, mas adiar para 2015 o que tinha que ser resolvido é desanimador e pode ter sérias consequências.
Chris Huhne, sercretário de estado para energia e mudanças climáticas do Reino Unido:
"Pela primeira vez, temos um processo dentro da UNFCC,(Convenção Quadro das Mudanças Climáticas) onde hrevisões periódicas da evidência científica e estamos vendo onde estão os compromissos dos países".
“Até agora nós não tínhamos nem mesmo um compromisso a ser dirigido pela evidência científica. Se você falar com os Russos, eles lhe dirão que não há aquecimento global.”
Bill Hare, Diretor da Análise Climática, Climate Analytics um grupo consultivo sem fins lucrativos de ciência climática:
"Ainda não há novas promessas sobre a mesa e o processo mais ambicioso acordado em Durban de aumentar as reduções de emissões é incerto no seu resultado".
Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional:

"A notícia triste é que os bloqueadores do acordo liderados pelos EUA conseguiram inserir uma cláusula de saída que pode facilmente impedir que o próximo acordo climático seja juridicamente vinculativo".
Jayanthi Natarajan, Ministro do Meio Ambiente da India

Devo entregar por escrito o sustento e a sustentabilidade de 1.2 bilhões de indianos, sem ao menos saber o que contém o “road map” da União Européia? Por favor, não nos mantenha reféns.”
Alden Meyer, director of strategy and policy at the Union of Concerned Scientists.
“O nível coletivo mundial da ambição de redução das emissões deve aumentar substancialmente e logo.
"Discursos poderosos e decisões cuidadosamente formuladas não podem alterar as leis da física . A atmosfera responde a uma coisa, e apenas uma coisa -.emissões."

As decisões adotadas aqui estão muito aquém do que é necessário."

Christiana Figueres, secretária da ONU:
A Continuação de Kyoto é altamente significativa”.

Pablo Solón, ex-principal negociador para o Estado Plurinacional da Bolívia:

"A decisão real foi meramente adiada para a próxima COP." Kyoto permanece no CTI. Não há adoção formal para um segundo período de compromisso baseado na atual redação dos documentos”.

Oscar Reyes dos Amigos da Terra, Reino Unido, Friends of the Earth UK :

“Mantenham as metas, abandonem os mercados. Estamos preocupados de que quando o GCF (Green Climate Fund) tiver dinheiro, ele emprestará para o setor privado para operar em mercados de carbono”

Aliança Climática dos Ecossistemas, uma coalizão de ONGs de florestas.
Durban é um desastre”

Felix Finkbeiner , quatorze anos de Munique, Alemanha, que lançou a organização Plant for the Planet e já plantou quatro milhões de árvores nos últimos quatro anos.

"Olhando para conferências anteriores (COPs climáticas) seria mais eficaz se os membros da conferência viessem aqui fora e plantassem árvores para as duas semanas. Eles provavelmente fariam um impacto maior"


Plant for the Planet: Parem de Falar. Comecem a plantar!


BBC
Damian Carrington’s, Guardian
Stephen Leahy, IPS
JOHN M. BRODER, New York Times
BBC

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O problema tem solução

É o que diz o recente relatório do PNUMA, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Uma ação rápida poderia reduzir em curto prazo as mudanças climáticas com a elevação da temperatura em 0,5º C e as mortes por poluição do ar em mais de 2 milhões por ano, além de impulsionar a segurança alimentar.

Como? Por meio de um pacote de 16 medidas anunciadas pelo relatório. Se implementadas integralmente, as medidas economizariam 2.5 milhões de vidas, evitariam perdas de colheitas da ordem de 32 milhões de toneladas, além da mitigação das mudanças climáticas, mantendo a temperatura abaixo da meta do aumento de 2º C até 2040.

O relatório foi encomendado por países desenvolvidos e em desenvolvimento e se apóia em dez anos de pesquisas científicas, realizadas pelo projeto Nuvem Atmosférica Marron, Atmospheric Brown Cloud e nas avaliações do PNUMA e da Organização Meteorológica Mundial. O relatório enfatiza que os governos devem agir decididamente em relação ao principal gás de efeito estufa, o dióxido de carbono.

O carvão negro, junto com outros componentes da matéria particulada, resultantes da queima ineficiente de uma série de fontes, incluindo os fogões de cozinha e os motores a diesel é a maior causa de mortes prematuras, conseqüência da poluição dentro e fora de casa.

O carvão negro também contribui para o aquecimento da atmosfera e quando depositado nas calotas polares e geleiras, acelera o processo de degelo porque menos quantidade de luz solar é refletida de volta para o espaço.

O relatório financiado pelo governo sueco estima que a redução de metade das emissões do carbono negro e do gás metano pode ser alcançada por meio de medidas que resultam em economia de custos ao longo do período de investimento.

Algumas das medidas e benefícios:

  • Recuperação do gás natural durante a produção de petróleo – o metano usado como fonte limpa de combustível.
  • Substituição de fogões ineficientes e de fornos para fabricação de tijolos por outros mais eficientes.
  • Melhoria do tratamento das águas residuais que ajuda a cortar as emissões de metano, enquanto melhora o saneamento e qualidade da água.
  • Recuperação do metano das minas de carvão que tem valor econômico como fonte de energia de queima limpa.

Uma ação imediata poderia diminuir a taxa de aquecimento no Ártico e reduzir a projeção do aquecimento em 2040 em 0.7º C, com importantes implicações para a vida e o sustento das populações do Ártico, para a biodiversidade e para o aumento do nível do mar.

Achim Steiner, secretário das Nações Unidas e Diretor do PNUMA disse: “ este relatório provê a análise e oferece os caminhos e as políticas que podem permtir as nações, agindo nacionalmente, regionalmente e globalmente,alcançar alguns ganhos notáveis em termos de transição para uma Economia Verde, de baixa emissão e com o uso eficiente de recursos no curto prazo."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A moda é não ter moda!'

Muda o mundo, mudam os valores e as tendências. Agora é a vez da natureza e do desenvolvimento sustentável (desde a preservação dos recursos naturais até a inclusão social). O meio ambiente tá na moda. E a moda, o estilo, como ficam?

Dá para perceber que também tem muita coisa mudando no mundofashion.

Aquela preocupação com a combinação das cores já era. Vermelho só com azul marinho ou branco, ou preto no estilo torcida do flamengo e quem sabe marron... Isso era antigamente. Vermelho agora vai de roxo, de verde, de amarelo. Até de rosa?! Combinar padrões também é coisa do passado. Vale estampado com xadrez, estampado com listras e tudo com tudo. Dá certo?

Parece que sim, pois a ânsia de inovação é na verdade a busca por uma estética mais livre e mais ampla. Uma A moda apenas reflete a necessidade de romper com padrões estabelecidos e encontrar um caminho num mundo que inclui mais possibilidades e opções. Tudo pode estar na moda!

A mistura de tecidos também seria coisa inaceitável há algumas décadas. Lembro de um dono de boutique que teve um ataque porque a vendedora estava usando calça de linho com camiseta de algodão! Linho era com só com linho, ou talvez seda. E para completar, agora as roupas devem parecer lavadas, usadas, recicladas. Faz sentido?

Talvez, porque a mensagem por trás da moda é que está valendo tudo e se vale tudo para que se preocupar em andar na moda? Moda é valorizar o que temos, consertar o que vale pena, transformar o que já cansou e reaproveitar tudo, como se fazia até a revolução industrial. Até então, a maioria das roupas era consertada, remendada ou refeita para dar em outros membros da família, ou ainda reciclada dentro de casa e usada como panos ou mantas.

Pena que o espírito de conservação foi substituído pelo consumismo trazido pela industrialização e que agora é parte integral da economia. Crescimento econômico = novos produtos – (menos) produtos antigos que são jogados fora. Está funcionando? Não. A natureza não tem tempo de ser recuperar na mesma proporção do que consumimos.

O mundo do fast fashion ou moda de consumo rápido se vale da produção em larga escala com mão de obra barata e dos preços baixos. Para quê?

Para a sociedade de consumo comprar mais roupa que não precisa e depois jogar fora. No meio do processo alguns acham que estão lucrando, mas na verdade estamos todos perdendo. Luiz Cláudio, da revista Perspectivas Ambientais da Saúde, Environmental Health Perspectives, considera o estilo de consumo de roupas dos americanos e dos europeus como waste costureou algo como moda de desperdício.

Desperdício no mundo de hoje pode ser um tiro no pé. Para sobreviver temos que viver os 3Rs: reduzir o consumo, reciclar e reaproveitar. Chato, mas eficaz.

O mundo da matéria prima básica da moda polui:

  • O algodão é considerado o cultivo mais sujo do mundo pelo uso intenso de pesticidas: 16% de pesticidas de todo o mundo e apenas apenas 2.5% da área global cultivada.(Organic Trade Association)

  • O processo de fabricação de poliéster emite solventes, matéria particulada, gases ácidos etc. O cosumo do poliéster quase dobrou nos últimos 15 anos. . (Technical Textile Markets)

E se você acha que doar é a solução, talvez o Exército da Salvação não dê conta das doações. Nos EUA, só 1/5 das roupas doadas às organizações de caridades é diretamente usado ou vendido nos seus brechós. E os outros 4/5? Vão para empresas de reciclagem e são vendidos por centavos de quilo. Para quem? Se for roupa de griffe, o Japão compra. Se for do tipo comum, as roupas vão para mais de 100 países, inclusive a Tanzânia. Japão e Tanzânia estão bem longe dos Estados Unidos e para chegar até lá muito combustível vai ser queimado.

Será que os africanos deveriam ficar felizes com as camisetas com logos americanas compradas no mercado local? Moda veste, mas não educa (até este momento). Todo o dinheiro investido na fabricação dos pesticidas para fazer a camiseta de algodão, no plantio da matéria prima e depois no transporte para as indústrias de confecção e na água consumida para produzir o tecido, mais a tinta para produzir a estampa, mais o transporte para levar até as lojas, mais o combustível que o consumidor gastou para ir até lá comprar - todo este dinheiro poderia ser investido na estética do desperdício poderia melhor aproveitado. Programas educativos e produção com tecnologia limpa, para começar.

O problema não é o capitalismo, mas como lidamos como o sistema, onde investimos o nosso dinheiro e as escolhas que fazemos.

Então, fazer o quê? Algumas sugestões:

Para consumistas: mudem as prioridades. Em vez de comprar roupa da moda por que não investir no seu conteúdo pessoal e fazer um curso de cozinha, artes ou até mergulho?

Para os lojistas: não venda só roupa porque não precisamos de tanta. Por que não vender também o que temos que consumir obrigatoriamente como produtos de higiene, utilidades ecológicas ou comestíveis? O café dentro da loja já é uma tendência que deve continuar.

Para as patricinhas (e mauricinhos): comprar roupa de qualidade é uma boa opção porque duram muito e podem usadas indefinidamente. Sigam o exemplo do André Trigueiro e não se preocupem em não repetir a roupa. Se enjoarem do que têm, um troca-troca de griffes pode ser bem divertido.

Para os produtores: investir no desenvolvimento sustentável e salários justos é uma forma de garantir o lucro no futuro.

Para os criadores: o mundo depende das idéias que atendam às nossas necessidades sem acabar com os recursos naturais. Este é o maior desafio!


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Chocante: o relatório do PNUMA sobre o vazamento de petróleo na Nigéria

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (4/08), com a avaliação dos impactos ao meio ambiente e ameaças à saúde humana por contaminação na região Ogoni no delta do rio Niger traz fatos chocantes.

O relatório mostra que a poluição resultante de mais de 50 anos de operações de exploração de petróleo aconteceu de forma extensa e profunda na região:

23.000 pessoas participaram nas reuniões das comunidades locais.

5.000 registros médicos foram analisados

4.000 amostras de água e solo foram examinadas

200 locais foram examinados

69 áreas avaliadas - de 1.300 km a 79 hectares

14 meses para realizar o trabalho

Principais constatações:

  • A contaminação atingiu o subsolo e medidas para proteger a saúde humana e reduzir os riscos devem acontecer sem demora.
  • Dez comunidades onde água está contaminada correm riscos sérios de saúde.
  • Na comunidade de Nisisioken Ogale, famílias estão bebendo água dos poços contaminada por benzeno (cancerígeno) e a situação requer intervenção urgente.
  • O PNUMA encontrou uma camada de 8cm de óleo refinado flutuando na água que serve os poços. O fato está ligado ao vazamento que ocorreu há mais de 6 anos.
  • A recuperação sustentável da região Ogoni pode levar entre 25 e 30 anos e requer a ação colaborativa entre o governo, a comunidade Ogoni e a indústria de petróleo.

Segundo o jornal britânico The Guardian, “houve até agora um acordo tácito de silêncio e falta de ação entre os governos ligados às companhias de petróleo”, mas o relatório encomendado ao PNUMA pela República Federal da Nigéria tem o potencial de mudar a situação ao fazer estas chocantes revelações.

O governo nigeriano ganhou legitimidade para exigir reparação das companhias e acionistas da Shell, ExxonMobil e Chevron tem evidência palpável das práticas desumanas das suas empresas para sair da inércia.

Projeto PlanetAtivo - Ação e Educação pelo Meio Ambiente acredita num futuro de energia limpa e renovável. Os combustíveis fósseis devem permanecer enterrados subsolo.

Fonte: Unep, The Guardian.










quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Cuidado: O veneno está na mesa!

Há algum tempo sinto resistência em comprar alimentos que não sejam orgânicos. Chego no supermercado, olho, olho e não tenho vontade de comprar nada exposto. Vou direto para a prateleira dos orgânicos.
É mais caro? Claro que sim, mas quanto vale a nossa saúde? E o sabor incomparável me remete à infância quando chuchu tinha gosto de chuchu, o espinafre não era amargo e dava para sentir o docinho da batata doce.
Os alimentos convencionais estão cheio de agrotóxicos como mostra o documentário do Silvio Tendler. E cuidado com pimentão e a batata!

O documentário em 4 partes mostra o problema na sua totalidade. Aí vai a 1a parte:


terça-feira, 12 de julho de 2011

Chega! Em Respeito à Vida e ao Meio Ambiente

Santa Cruz precisa respirar. O Prefeito Eduardo Paes disse que não daria a licença para a Companhia Siderúrgica do Atlântico se instalar. Confira o vídeo:

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O que estávamos pensando? Thomas Friedman

Thomas Friedman, no artigo do New York Times The Earth is Full (07/06), imagina que esta é a pergunta que faremos daqui a alguns anos sobre a nossa dificuldade de enxergar a crise que se anuncia. O preço dos alimentos e da energia não param de subir, a população mundial está crescendo, os eventos climáticos extremos como inundações e secas alcançam novos recordes e deslocam populações. Tudo isso fragiliza os governos que têm que lidar com todos estes problemas ao mesmo tempo.

Por que não percebemos o que está acontecendo?

Segundo o artigo, talvez a resposta esteja no livro de Paul Gilding, empresário ambientalista que descreveu este momento no livro chamado The Great Disruption: Why the Climate Crisis Will Bring On the End of Shopping and the Birth of a New World , “A Grande Ruptura: Por que a Crise Climática trará o Fim das Compras e o Nascimento de um Novo Mundo” . Para ele, o problema é tão grande e requer que mudemos tudo sobre a nossa maneira de pensar e de ver o mundo e a negação é nada mais do que a resposta natural.

Quanto mais negamos a situação, mas nos distanciamos da solução.

Consumir, é preciso, mas preservar também é preciso. Para continuar consumindo é necessário garantir os recursos da natureza que vamos precisar para produzir o objeto de consumo. No atual ritmo de crescimento econômico, não há como garantir os recursos para o futuro porque estamos consumindo mais do que o planeta é capaz de repor. Estamos esgotando a biocapacidade da Terra.


“Se você derruba mais árvores do que planta, você fica sem árvores”, escreve Gilding.

E não temos feito outra coisa. Estamos tirando mais da natureza mais do que ela é capaz de nos dar. Pela ignorância, pelo comodismo, pelo egocentrismo, pelo falso otimismo, estamos agravando a crise. Como é difícil comprar apenas o que precisamos! Por que usar gasolina se temos etanol? Não dá para recusar a sacolinha plástica e levar na bolsa ou na mão até o carro que está ali ao lado?
Reciclar o lixo deveria ser obrigação e plantar árvores tão importante quanto se exercitar, meditar ou rezar.

O ministro do meio ambiente da China Zhou Shegxian disse recentemente que “O esgotamento, a deterioração e a exaustão dos recursos e a piora do ambiente ecológico se tornaram gargalos e graves entraves ao desenvolvimento econômico e social da nação”.

O que acontece é que estamos enchendo a Terra com o lixo do consumo excessivo e neste momento atingimos um limite, dado o atual nível tecnológico. “A economia terá que ficar menor em termos de impacto físico. Não vamos mudar os sistemas, entretanto, sem uma crise. Mas não se preocupe, que estamos chegando lá”, afirma Gilding.

Para Gilding, quando o impacto do Grande Rompimento acontecer, “nossa resposta será proporcionalmente dramática, mobilizando-os como acontece na guerra. Nós mudaremos numa escala e velocidade que dificilmente imaginamos hoje, transformando completamente a nossa economia, incluindo a energia e indústria de transportes, em apenas algumas décadas.”

De acordo com Friedman, Gilding é um eco-otimista. Talvez, mas também acho que somos capazes de responder à necessidade de mudança diante da crise. É bem possível que não esteja longe o momento postar no blog “Bem vinda a Crise, bem vinda a Nova Era”!

terça-feira, 29 de março de 2011

Como contabilizar o impacto ambiental das corporações?

Pavan Sukhdev, chefe do Programa Iniciativa da Economia Verde declarou nesta segunda-feira (28/03) que as companhias deveriam se empenhar mais para relatar o seu impacto ambiental. Os danos da economia mundial ao patrimonio natural chegam a US$ 3 milhões por ano e pode levar de cinco a dez anos fazer uma comparação entre as empresas que melhor preservam o meio ambiente e as que causam os maiores impactos ambientais.

As companhias frequentemente se dizem “verdes”, mas não há um sistema comum de mensurar os diversos setores empresariais, incluindo cimento, farmacêuticos, eletricidade e construção. O Projeto de Divulgação do Carbono, Carbon Disclosure Project , uma iniciativa internacional que monitora os gases de efeito estufa das corporações tem feito o máximo para estabelecer um critério de desempenho para classificar as companhias “verdes”. O problema é que não há um modo de comparar e classificar os impactos na natureza, como o desmatamento e o uso da água.

Em 2010, o relatório Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade, The Economics of Ecosistems and Biodiversity (TEEB) estimou que o dano ao capital natural, incluindo florestas, zonas úmidas e pastagens seria entre US$ 2 bilhões e US$4.5 bilhões por ano.
O relatório mostrou, por exemplo, que um mangue na Tailândia vale muito mais intacto – pelo uso de proteção à costa contra tsunamis e tempestades ou como fonte de material para construção - do que se transformado numa fazenda de cultivo de camarões.
Algums companhias estão melhorando o seu desempenho em relação ao impacto ambiental: a Brewer SABMiller diminuiu o uso da água, p Sumitomo Trust and Baking.Co lançou um fundo de investimento em biodiversidade em 2010 e a Danone pretende se tornar neutra em carbono em 2011.

Produzir relatórios custa dinheiro e o Instituto de Contadores Oficiais na Inglaterra e Wales, Institute of Chartered Accountants in England and Wales (ICAEW) procura fundos para estabelecer uma série de iniciativas que seguem o relatório TEEB para os negócios. O instituto ajuda a monitorar os imapctos das emissões de carbono, poluição, contaminação da água e desmatamento.
Os profissionais conscientes do problema dão a sua opinião sobre o assunto. Segundo
Richard Spencer, chefe de sustentabilidade do ICAEW, o primeiro estágio seria desenvolver técnicas de avaliação do mundo natural.

Idar Kreutzer, executive chefe do Storebrand, afirma que o atual cenário, com projeção até 2050 do uso de 2.3 dos recursos naturais é insustentável. Sukhdev observou que já há precedentes para relatar os riscos, além dos lucros e perdas. As companhias tem que relatar os possíveis custos com os casos em julgamento ou uma companhia de petróleo tem que relatar um vazamento no ano após a recente publicação do seu último balanço.

Os danos ambientais tem sérias conseqüências e não podem esperar o próximo balanço para serem compensados.

A foto mostra água contaminada perto de minas de ouro na Estrada Intraoceanica que liga o Peru ao Brasil na selva amazônica.


Fonte: World Environment News 29/3
Foto: Reuters/Mariana Bazo 20/10

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Mundo de Cabeça para baixo?

Segundo artigo de Justin Gillis para o New York Times, "se julgarmos pelo tempo, o mundo parece que virou de cabeça para baixo".

Há dois invernos que o gelo Ártico atinge a Europa e deixa o continente coberto de neve e gelo.
O rigor do frio também tem atingido os Estados Unidos e no ano passado as nevascas fizeram história na região central do país.

Este ano o sul dos Estados Unidos tem sofrido com as tempestades de neve e o frio severo e tempestades estão previstas para esta semana no nordeste do país.
O mais estranho é que se no sul faz frio, no norte do continente os últimos dois invernos foram quentes. O Canadá e a Groenlândia tiveram temperaturas de inverno acima do normal. Baías e lagos demoraram para congelar e dificultaram atividades tradicionais de inverno.

Este transtorno no tempo é explicado pelo enfraquecimento do padrão atmosférico de circulação que mantinha o ar frio no Ártico nos últimos dois invernos. Agora massas de ar frio descem para o sul enquanto massas de ar quente se movem para o norte.

O que preocupa é se este padrão está ligado às mudanças que o aquecimento global está causando no Ártico, especialmente a perda da camada de gelo. Alguns cientistas acreditam que sim, enquanto outros ainda tem dúvida e argumentam que precisam de mais evidência por um período maior de tempo.

O que não se pode negar é que a superfície do gelo ártico já diminuiu em 30%, desde o início do monitoramento. O gelo reflete a luz do sol e a perda da superfície gelada faz com que os Oceanos absorvam mais calor no verão. Este calor extra é o culpado dos últimos dois invernos gelados na Europa e nos EUA.

Durante muitos invernos, a diferença de pressão entre a região polar e as latitudes medianas, manteve a corrente de ar frio comprimida em torno do pólo norte, contendo o ar gelado no topo do mundo, como uma cerca. Quando a diferença de pressão diminui, a corrente enfraquece e cria meandros na direção sul, trazendo o ar quente para o Ártico e ar frio para as latitudes medianas, exatamente como aconteceu nos últimos dois invernos. O efeito pode ser comparado a deixar um refrigerador aberto, com o ar frio atingindo a cozinha e o ar quente entrando na geladeira.

Isto já aconteceu anteriormente, mas é fora do comum o que tem acontecido nos dois últimos invernos, quando o índice relacionado com o vórtex do Ártico atingiu seu menor valor de inverno, desde que começou a ser registrado em 1865. Há diversas teorias que tentam explicar o fenômeno e a incerteza sobre o que está causando estes estranhos invernos assinala a dificuldade central de ciência do clima.

A maioria dos pesquisadores está certa de que os gases de efeito estufa liberados pelos humanos estão aquecendo a Terra, mas reconhecem que pisam em terreno duvidoso ao tentar predizer os efeitos das mudanças climáticas. É possível que algumas regiões esfriem temporariamente devido à ruptura da circulação atmoférica e oceância, mesmo se a Terra se esteja se aquecendo como um todo.

Blogueiros aproveitam a onda de frio nos EUA e Europa para levantar dúvidas sobre as evidências que o clima está numa tendência de aquecimento e não se preocupam em comentar sobre o estranho aquecimento em partes do Ártico. O que não dá para negar é que o inverno que começou e terminou em 2010 foi marcante. Nova York teve duas das suas maiores tempestades de neve. Washingon teve duas tempestades de neve sem precedentes.

2010 foi um dos anos mais atípicos nos anais da climatologia e um dos dois anos mais quentes já registrados no planeta. Enchentes devastaram vários países como o Paquistão, China, Austrália e Estados Unidos.

2011 chegou com mais enchentes: na Austrália, Filipinas, Brasil e Sri Lanka. Quem poderia imaginar um elefante pendurado numa árvore de cabeça para baixo? Foi o que aconteceu na enchente que afetou o Sri Lanka na primeira quinzena de janeiro.

Junto com os desastres chegou a necessidade de mudar e de respeitar a natureza, de planejar as comunidades e sw ter um novo modo dw viver. Está na hora de fazer do jeito certo, como o projeto Make It Right em New Orleans. O projeto constroi casas e oferece oportunidades à população de New Orleans que teve as suas vidas devastadas pelo furacão Katrina.

Arquivo do blog