segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Aumento do Número de Desastres

Independent, 26 Novembro.

Não é apenas a nossa imaginação. O clima está realmente ficando pior. Andrew Bucombe e Daniel Howden explicam porque os desastres estão vindo mais rápidamente, e mais furiosamente do que nunca.

Ficou evidente para os milhões de pessoas presas pelas torrentes ‘bíblicas” que isolaram uma região inteira do México este ano. Muitos australianos estavam suficientemente convencidos disso ao mudar seu modo de votar. Ficou óbvio para proprietários de casas da Inglaterra que ficaram com água até o joelhos em suas salas de visitas inundadas. E para o milionário da praia em Malibu que não pode deixar de notar, ao ver suas luxuosas casas queimarem como fósforos.

Desastres relacionados ao clima estão aumentando em freqüência e violência e a expansão de comunidades humanas em habitações vulneráveis junto com os aparentemente maiores efeitos da mudança climáticas são os culpados. Oxfam, uma entidade britânica de caridade descobriu que houve um aumento quatro vezes maior de catástrofes tais como inundações que varreram o Sul da Ásia este ano, afetando mais de 250 mil pessoas.

Em um novo relatório, a Oxfam diz que a média dos desastres subiu de 120 em 1980 para 500. É uma chamada para os governos tomarem previdências mais convincentes para reduzir a emissão de gases de efeito estufa que um consenso de cientistas culpa pelo aumento da temperatura.

“Este ano vimos inundações no Sul Asiático, através da África e México que afetaram mais de 250 milhões de pessoas”, diz a diretora da Oxfam’s Bárbara Stocking. “Não é um ano apavorante. Segue um padrão de eventos climáticos mais frequentes, mais erráticos, mais imprevisíveis e mais extremos que afetam mais pessoas.”
Segundo o relatório publicado ontem, o número de pessoas afetadas por estes disastres aumentou cerca de 68%. Entre 1985-94 uma média de 174 milhões de pessoas sofrem com estes incidentes, enquanto entre 1995 e 2004, a média foi 254 milhões”.
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Para a Oxfam, as nações desenvolvidas devem agir primeiro porque tem a responsabilidade pela maior parte das emissões que levaram às mudanças climáticas.

Europa com grandes planos para a arquitetura verde

Finacial Times 24 Nov , Oliver Lowenstein

Eco-distritos alimentados por energia renovável estão crescendo através da Europa. As chamadas “cidades do futuro” apresentam alta densidade de casas e qualidade de espaços públicos desenhados para pedestres e ciclistas. Elas podem ser a solução para um modelo de habitação sustentável para o futuro e planejadores governamentais, empreendedores e arquitetos estão atentos ao experimento escandinavo em Malmo e outros experimentos amigos do meio-ambiente.

Malmo é um projeto para 20 anos, criado para uma população estimada de 300.000 pessoas. Os edifícios em toda área usarão energia renovável, a maior parte vinda de um sistema geotérmico embaixo d’água, com coletores fotoválticos e solares e uma turbina a vento. Os carros ficarão nos limites do distrito. Um projeto de biodiversidade será a priordade, incluindo jardins de flores e áreas planejadas, com sistema de água corrente.

Outros distritos como Estocolmo tem projetos similares e o governo sueco anunciou recentemente que investirá em outros eco-projetos pelo país. O governo britânico planeja constriu 10 novas cidades ecológicas de 100.000 habitações em cada região do país. A visão envolve uma variedade de estilos de arquitetura e tipos de construções. Em outros países europeus há muitos exemplos que estão dando certo em Helsinki, Finlândia, Barcelona na Espanha, Lyon na França e Hanover na Alemanha. Na Suíça existe o Neuchatel Eco-parque, com uma mistura de casas, escritórios do governo e uma escola técnica com foco nos transportes.

Embora cada eco-distrito tenha um estética diferente em função do clima local, geografia e interpretação do eco-design, todas têm importantes elementos em comum: alta qualidade dos espaços públicos desenhados para pedestres e ciclistas; alta densidade de habitações próximas às escolas e lojas com espaço de lazer privado e áreas comunitárias; sistemas de transporte que favorecem a caminhada, ônibus, trens e pouco espaço para estacionamento.

O eco-distrito é o tipo de lugar onde as crianças podem brincar livremente, sem medo do trânsito e dos carros. Outro aspecto é a homogeneidade entre as famílias e a vida comunitária. Estes distritos são considerados modelos exemplares.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Qual o preço do futuro ?

Segundo artigo do jornal Independent, milhões de pessoas no mundo estão dispostas a fazer sacrifícios pessoais, inclusive pagar contas mais altas para ajudar a combater as mudanças climáticas, de acordo com uma pesquisa divulgada no dia 5/11.

A pesquisa encomendada pela BBC World Services cobriu 22.000 pessoas em 21 países: 83% dos entrevistados acreditam que será necessário mudar o estilo de vida para cortar as emissões dos gases de efeito estufa. Em 14 dos 21 países, há o reconhecimento de que para lidar com a mudança climática, temos que mudar de comportamento.

O aumento de taxas para combater o problema do clima é aceito por uma parcela e a pesquisa sugere que os líderes nacionais poderiam ter sucesso ao introduzir uma taxa para o uso da energia, mas o ponto chave é garantir o destino dos rendimentos para o equilíbrio ambiental.

Todos os estudos apontam as emissões de gás carbônico, causadas pelos setores de energia e transportes como as maiores responsáveis pelo aumento da temperatura terrestre. Mas as companhias aéreas oferecem cada vez mais vantagens para voar e quem está realmente disposto a sacrificar a sonhada viagem de férias ou o encontro com o amor da sua vida que mora no outro lado do planeta?

O futuro tem preço, mas ele não pode ser quantificado apenas em unidades monetárias. Ele inclui o preço de alto investimento em tecnologia limpa e acesso a ela, remanejamento dos lucros das empresas para estes investimentos, mudanças de hábitos que exigem sacrifícios e a consciência de que não dá mais para negociar com natureza. Ela se defendeu por muito tempo, mas agora começa a se vingar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Recado para os céticos

Apesar do senso comum admitir que a controvérsia sobre o aquecimento global já acabou e que a interferência do homem no meio-ambiente é responsável pelo aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera, os céticos ainda duvidam.

Por que a teimosia? Pelo hábito de fazer oposição ou pela resistência em mudar de hábitos e fazer o que tem que ser feito?

Podemos colocar várias questões, mas cabe aos céticos a honestidade das respostas. A nós cabe mandar um recado: quaisquer que sejam suas razões, o ser humano não pode se eximir da responsabilidade. A culpa é nossa e nós temos que dar um jeito nisso.

O relatório da ONU da semana passada declara que a população humana está vivendo muito além dos seus meios e infringindo dano ao meio-ambiente que podem ultrapassar o ponto de não retorno.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA), o crescimento da população global coloca a humanidade em risco. Como alimentar uma população que aumenta a taxas crescentes com a também crescente degradação dos recursos naturais?

Segundo o diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner, “a população humana é agora tão grande que a quantidade de recursos necessária para sustentá-la excede a disponibilidade pelos atuais padrões de consumo”.

Esta é uma equação que não fecha. Para mudar seu resultado, temos que mudar seu enunciado. Na últimas duas décadas, houve um aumento de 34% na população do mundo, de 5 milhões para 6,7 bilhões. A quantidade de terra disponível por pessoa diminuiu 60% (de 19.5 acres para 5 acres) (PNUMA).

Diante desta evidência, a discussão em torno da “culpa” do aquecimento global é tola e sem sentido. Toda e qualquer ação que tenha como objetivo preservar os recursos ambientais para a nossa sobrevivência é fundamental. Portanto, os céticos precisam mudar de hábitos, quer acreditem no aquecimento global causado pelas emissões de CO2 ou não.

Nature Conservancy compra uma Floresta Virgem ao Norte de Nova York.

Desde junho de 2007, a Nature Conservancy, um dos maiores grupos ambientais do planeta é proprietária de 161.000 acres de terras virgens e altamente valorizadas ao norte de Nova York, em Adirondack. O negócio atingiu a cifra de 110 milhões de dólares.

Anthony De Palma, do N.Y. Times, descreve o local como uma “maravilha ecológica”: 144 milhas de rios, 70 lagos, mais de 80 montanhas e uma vasta região selvagem, apenas penetrada por alguns caçadores e lenhadores.

Para a organização, este é um negócio inovador, que pretende aliar a conservação da floresta com a extração sustentável da madeira. A Nature Conservacy fez um acordo com a Finch Paper Mill in Glens, Falls, ex-propietária das terras, para suprir a compahia durante os próximos 20 anos.

Para saldar uma dívida de 1 milhão de dólares, a organização pretende vender uma parte das terras para proprietários que não poderão construir sobre ela. Partes menores, perto de povoados já existentes, também poderão ser vendidas, segundo Mr. Carr, diretor para da organização para a Adirondack.

Carr está ciente de que pode haver um mal entendido sobre uma organização ambiental entrar para o negócio de extração da madeira. Mas lembrou que nos últimos anos os eforços de preservação têm se aliado de forma essencial à exploração da madeira como negócio sustentável.

Como o lembra o redator do N.Y. Times, Anthony de Palma, a organização foi alvo de críticas do Washington Post em 2003, denunciando a extração de gás natural de terras compradas no Texas.

Slides da "maravilha ecológica":
http://www.nytimes.com/interactive/2007/10/26/nyregion/20071028_ADIRONDACKS_FEATURE.html#

terça-feira, 23 de outubro de 2007

HERÓIS DO MEIO-AMBIENTE

Todo ano, a TIME Internacional lança uma edição dupla para celebrar os heróis do ano, famosos ou não, que fizeram uma diferença nas nossas vidas. Mas 2007 não foi um ano comum e as questões ambientais lutaram para ganhar espaço no debate da Time. Segundo Michael Ellitot, editor internacional, ficou decidido que a edição os Heróis seria concentrada nos que estão tentando mostrar o caminho para lidar com as pressionantes questões da sustentabilidade.

Entre os escolhidos pela TIME, estão nomes previsíveis como Al Gore, Wangari Maathai e James Lovelock; e outros nem tanto como Mikail Gorbachev e o Príncipe Charles, que desde 1986 tem uma fazenda de produtos orgânicos.

Os brasileiros estão representados por José Goldenberg, pioneiro na década de 80 do programa para substituição da gasolina no Brasil, e um dos descobridores do biocombustível, a partir da cana de açúcar. Outros países que tem heróis ambientais são: Coréia, Estados Unidos, Palau, Canadá, China, Noruega, Rússia, Filipinas, Hong Kong, Israel, Indonésia, Suíça, Zâmbia, Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Índia e Turquia.
Dentre constelação dos astros de cinema está Robert Redford, que defende o meio-ambiente desde 1970. A presença das grandes empresas está assinalada por Jeffrey Immelt , executivo da General Eletrics e pelo time japonês da Toyota.

Entre os estadistas, destaca-se Angela Merkel, PH.d em física, disposta a combater as mudanças climáticas. Todos têm um recado para dar ou um exemplo a seguir.

É o que confirma Bryan Walsh, na Introdução da TIME:

"Apesar de ser a nossa casa, a Terra é muda. Não tem voto em nenhum congresso ou parlamento. Não possui ações no mercado. Não se levanta para protestar em movimento. Não pode nem comprar um carro híbrido. A terra não tem voz – alguém deve falar por ela.

Nós chamamos heróis as mulheres e os homens das páginas seguintes, mas eles poderiam ser mais facilmente chamados porta-vozes do planeta, um planeta cujo futuro, como um deles disse alguns anos antes, não se pode prever. Alguns são profetas do perigo, como o cientista e ativista australiano Tim Flannery que tem avisado incessantemente sobre os perigos das mudanças climáticas. Outros diagnosticam as doenças do planeta, como D.P. Dobhal, que mede o encolhimento das geleiras dos Himalaias para acompanhar o aquecimento global em tempo real. Há os que tem soluções prontas, como Abul Hussan, um químico de Bangladesh que encontrou um modo simples e seguro de purificar a água. E há os que têm o dom de levar estas soluções para o mundo real, como o Shi Zhenrong que se tornou o homem mais rico da China ao canalizar energia solar.

Eles estão de um lado a outro desta Terra em perigo, do Quênia à Coréia, da Inglaterra ao Brasil, do Canadá à China. Pelas suas palavras e ações, pelos seus votos e até pelos seus talões de cheques, os heróis do meio-ambiente do TIME tem pisado no silêncio e ao fazer isso, têm dado à Terra uma voz. Cabe ao resto de nós ouvir – e nos juntar a eles".

Reportagem completa:
http://www.time.com/time/specials/2007/article/0,28804,1663317_1663322_1669935,00.html

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Será que vai ter espaço para plantar tanta árvore?

Mais uma multinacional investe no em meio-ambiente. Segundo a Gazeta Mercantil de hoje, “o programa terá um ano de duração e prevê o plantio de 5 mil mudas de árvores”. Desta vez a área escolhida está ao redor da fábrica da empresa em São José dos Campos.

Apesar de louvável, o plantio de árvores pouco resolve se as empresas continuarem a causar danos ao meio-ambiente em proporção maior do que a sua capacidade de recuperação. É preciso ter consciência de que o reflorestamento é apenas uma forma de compensação e que se plantássemos em todo o espaço disponível do Planeta, isto não resolveria o problema. É necessário um conjunto de ações e a consciência de que não podemos da Natureza o que não temos capacidade de repor.

NOTÍCIAS ENVIADAS ANTES O BLOG

Pequim Obriga o Banco Mundial a Censurar um Relatório sobre a Poluição -3/07/07

A China obrigou o Banco Mundial a censurar uma parte do relatório sobre o preço pago pela população por causa da poluição, segundo o Financial Times de 3 de julho. Conforme o relatório intitulado “O custo da poluição na China: estimativas econômicas dos prejuízos físicos, 750 000 pessoas morrerão prematuramente no país.

A Agência nacional chinesa de proteção ao meio-ambiente (SEPA) e o ministro da saúde reclamaram principalmente que os números sobre o custo humano da poluição não apareceram no relatório. Pékin conseguiu que um terço do documento (elaborado por pesquisadores chineses, estrangeiros e membros do Banco Mundial) fosse retirado por arriscar uma provocação de agitação social.

Evitar Tumultos

De acordo com uma pessoa que participou dos estudos, as informações seriam “sensíveis demais”. Segundo o Financial Times, as autoridades chinesas conseguiram igualmente que não se mostrasse um mapa detalhado mostrando quais eram as regiões mais atingidas pela mortalidade devido à poluição.

Num comunicado publicado na última terça-feira, o Banco Mundial confirmou, sem entrar em detalhes, que “certas estimativas sobre o impacto físico e cálculos sobre o custo econômico foram retirados do projeto em função de certas incertezas quanto aos métodos de cálculo e sua aplicação”. Conforme o enfoque adotado pelo Banco Mundial no que diz respeito a este tipo de projeto de pesquisas compartilhadas, as conclusões deste relatório estão presentemente em discussão com o governo”, acrescenta o comunicado.

Fonte: Le Monde, 3/07/07

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