terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Mundo de Cabeça para baixo?

Segundo artigo de Justin Gillis para o New York Times, "se julgarmos pelo tempo, o mundo parece que virou de cabeça para baixo".

Há dois invernos que o gelo Ártico atinge a Europa e deixa o continente coberto de neve e gelo.
O rigor do frio também tem atingido os Estados Unidos e no ano passado as nevascas fizeram história na região central do país.

Este ano o sul dos Estados Unidos tem sofrido com as tempestades de neve e o frio severo e tempestades estão previstas para esta semana no nordeste do país.
O mais estranho é que se no sul faz frio, no norte do continente os últimos dois invernos foram quentes. O Canadá e a Groenlândia tiveram temperaturas de inverno acima do normal. Baías e lagos demoraram para congelar e dificultaram atividades tradicionais de inverno.

Este transtorno no tempo é explicado pelo enfraquecimento do padrão atmosférico de circulação que mantinha o ar frio no Ártico nos últimos dois invernos. Agora massas de ar frio descem para o sul enquanto massas de ar quente se movem para o norte.

O que preocupa é se este padrão está ligado às mudanças que o aquecimento global está causando no Ártico, especialmente a perda da camada de gelo. Alguns cientistas acreditam que sim, enquanto outros ainda tem dúvida e argumentam que precisam de mais evidência por um período maior de tempo.

O que não se pode negar é que a superfície do gelo ártico já diminuiu em 30%, desde o início do monitoramento. O gelo reflete a luz do sol e a perda da superfície gelada faz com que os Oceanos absorvam mais calor no verão. Este calor extra é o culpado dos últimos dois invernos gelados na Europa e nos EUA.

Durante muitos invernos, a diferença de pressão entre a região polar e as latitudes medianas, manteve a corrente de ar frio comprimida em torno do pólo norte, contendo o ar gelado no topo do mundo, como uma cerca. Quando a diferença de pressão diminui, a corrente enfraquece e cria meandros na direção sul, trazendo o ar quente para o Ártico e ar frio para as latitudes medianas, exatamente como aconteceu nos últimos dois invernos. O efeito pode ser comparado a deixar um refrigerador aberto, com o ar frio atingindo a cozinha e o ar quente entrando na geladeira.

Isto já aconteceu anteriormente, mas é fora do comum o que tem acontecido nos dois últimos invernos, quando o índice relacionado com o vórtex do Ártico atingiu seu menor valor de inverno, desde que começou a ser registrado em 1865. Há diversas teorias que tentam explicar o fenômeno e a incerteza sobre o que está causando estes estranhos invernos assinala a dificuldade central de ciência do clima.

A maioria dos pesquisadores está certa de que os gases de efeito estufa liberados pelos humanos estão aquecendo a Terra, mas reconhecem que pisam em terreno duvidoso ao tentar predizer os efeitos das mudanças climáticas. É possível que algumas regiões esfriem temporariamente devido à ruptura da circulação atmoférica e oceância, mesmo se a Terra se esteja se aquecendo como um todo.

Blogueiros aproveitam a onda de frio nos EUA e Europa para levantar dúvidas sobre as evidências que o clima está numa tendência de aquecimento e não se preocupam em comentar sobre o estranho aquecimento em partes do Ártico. O que não dá para negar é que o inverno que começou e terminou em 2010 foi marcante. Nova York teve duas das suas maiores tempestades de neve. Washingon teve duas tempestades de neve sem precedentes.

2010 foi um dos anos mais atípicos nos anais da climatologia e um dos dois anos mais quentes já registrados no planeta. Enchentes devastaram vários países como o Paquistão, China, Austrália e Estados Unidos.

2011 chegou com mais enchentes: na Austrália, Filipinas, Brasil e Sri Lanka. Quem poderia imaginar um elefante pendurado numa árvore de cabeça para baixo? Foi o que aconteceu na enchente que afetou o Sri Lanka na primeira quinzena de janeiro.

Junto com os desastres chegou a necessidade de mudar e de respeitar a natureza, de planejar as comunidades e sw ter um novo modo dw viver. Está na hora de fazer do jeito certo, como o projeto Make It Right em New Orleans. O projeto constroi casas e oferece oportunidades à população de New Orleans que teve as suas vidas devastadas pelo furacão Katrina.

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